O CBPF

    Histórico


            O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) foi fundado em 15 de janeiro de 1949, por um grupo de cientistas brasileiros e de pessoas interessadas no desenvolvimento científico do país. Sua primeira sede foi na rua Álvaro Alvim, mudando-se, dois anos depois, para instalações maiores dentro do campus universitário da Praia Vermelha. Foi criado como Sociedade Civil sem fins lucrativos, obtendo recursos para financiar suas atividades através de doações de particulares e de dotações orçamentárias concedidas pela Câmara de Federal de Deputados, pela Câmara de Vereadores do DF (então no Rio de Janeiro), pela Confederação Nacional da Indústria e também por agências de financiamento à pesquisa e ao ensino superior que foram sendo constituídas ao longo dos anos. Recebeu um auxílio importante da Fundação Ford para recompor o acervo bibliográfico perdido num incêndio ocorrido em 1958. A partir de 1976 passou a fazer parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), como um de seus institutos, passando este órgão a assumir o seu custeio. Durante o ano de 2000, foi incorporado diretamente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, dentro da nova estrutura organizacional deste órgão.

            Durante a fase de Sociedade Civil destacou-se pela organização do trabalho em física experimental, particularmente pela ativação do Laboratório de Chacaltaya, contribuindo para a reputação daquela unidade como centro de excelência em nível internacional. Também se destacou, no início dos anos 60, pelo projeto e construção de aceleradores lineares de elétrons. Ainda na área experimental participou do ano Geofísico Internacional, ganhou renome com a descoberta da formação de radioisótopos na atmosfera e com métodos especiais para o carregamento e revelação de emulsões nucleares; foi líder na implantação das aplicações do efeito Mössbauer em diferentes ramos da química e da física. A partir dos anos 70 iniciou atividades em física da matéria condensada, tendo sido a primeira instituição brasileira a instalar e operar um liquefator de Helio. Seus grupos teóricos nessa época foram particularmente ativos na área das partículas elementares e relatividade, ensejando a visita periódica de cientistas de grande fama internacional, como G. Beck, R. P. Feynman, L. Rosenfeld, G. Molière e muitos outros. Data ainda desta época o apoio dado à formação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada e, no início dos anos 60, da Escola Latino-Americana de Física e do Centro Latino-Americano de Física, ambas as iniciativas nascidas na instituição, principalmente pelo esforço dos teóricos. Este grupo também se notabilizou pelas iniciativas na área do ensino da física em nível superior, tendo promovido uma revisão dos currículos que teve repercussão nacional. Também teve papel de destaque na criação de NOTAS DE FÍSICA, pré-publicação veiculando trabalhos científicos realizados na instituição, de CIÊNCIA E SOCIEDADE, destinada ao tratamento das questões históricas e políticas pertinentes ao desenvolvimento científico e da série MONOGRAFIAS, textos especializados de autoria de membros do quadro científico ou de convidados especiais.

            O CBPF foi a primeira organização brasileira a atuar na área da pós-graduação em física, tendo sido também a primeira a receber autorização governamental para a concessão de diplomas de Doutor e Mestre (1971).

            Em tempos recentes, o CBPF, além de prosseguir suas atividades nas linhas de trabalho em que conquistou excelência, vem se destacando pela participação em projetos de colaboração internacional, como a colaboração Brasil-Japão em interações nucleares da radiação cósmica, a colaboração com o FERMILAB em experimentos sobre partículas elementares, em diversas colaborações com o CERN, o Projeto Auger (nova perspectiva de pesquisa das interações fundamentais envolvendo raios cósmicos) e tem sido a sede de uma Escola de Gravitação e Cosmologia que reúne periodicamente especialistas de todo o mundo; mantém importantes programas na área da Matéria Condensada e da Ciência de Materiais. Também lançou a idéia e promoveu as discussões iniciais que levaram à criação do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Possui uma das melhores pós-graduações em Física do Brasil, tendo sido recentemente recomendada para conceito 7, por uma comissão de especialistas internacionais convocada pela CAPES.

            Possui o melhor acervo bibliográfico do país na área da física, ligado a duas redes de processamento de dados mantidas em operação. Nos últimos dez anos, tem aumentado significativamente o desenvolvimento de atividades em Instrumentação Científica, pesquisas multidisciplinares e prestação de serviços à comunidade científica. Merece destaque a implantação do Mestrado em Instrumentação Científica, o primeiro do gênero no país, desde 1999.


    Linhas de Pesquisa em Física Teórica

            Cosmologia e Gravitação: o objetivo desta linha de pesquisa é conhecer as propriedades globais do universo, em escalas de distância muito maiores que as encontradas cotidianamente, situação na qual a Gravitação é a única interação relevante. Procura-se explorar as conseqüências da teoria de Einstein da Gravitação em questões como a origem e a evolução do Universo conhecido.

            Física Estatística: esta é a área que descreve sistemas que envolvem muitas partículas. Procura-se fornecer uma descrição macroscópica desses sistemas, através de conceitos como temperatura, entropia e transições de fase. As conclusões, de alto grau de generalidade, são aplicadas ao estudo dos mais diversos tipos de sistema, desde partículas elementares e matéria condensada até sistemas químicos, biológicos e econômicos.

            Teoria de Campos e Partículas Elementares: procura-se investigar as forças básicas da natureza que agem nas distâncias microscópicas e o comportamento dos constituintes mais fundamentais da matéria sob a ação dessas forças. Os modelos são propostos de modo que sejam consistentes simultaneamente com os princípios da Mecânica Quântica e da Relatividade Especial de Einstein.

            Física da Matéria Condensada: estudam-se propriedades magnéticas e de transporte em diversos materiais, como metais, semicondutores, supercondutores, etc., através da formulação de modelos teóricos inspirados fortemente em dados experimentais.

            Física Nuclear e Astrofísica: através do estudo das colisões de íons pesados e hadrons, em energias muito altas, procura-se conhecer as propriedades dos constituintes dos núcleos, os prótons e os neutrons. Além disso, esses processos podem fornecer informação sobre os quarks e os glúons, que constituem esses prótons e neutrons. Sendo essas algumas das partículas predominantes no Universo Primordial, o conhecimento de suas propriedades é fundamental para a descrição da evolução estelar e outros processos astrofísicos.


    Linhas de Pesquisa em Física Experimental

            Física Experimental de Altas Energias: nessa área, procura-se testar as Teorias de Campo através do uso de aceleradores de partículas ou o estudo dos raios cósmicos. Tais testes requerem o desenvolvimento de técnicas em informática, instrumentação e novos materiais que estão no limite da tecnologia mais avançada atualmente.

            Matéria Condensada: estudam-se experimentalmente as propriedades dos materiais sólidos e líquidos, com estreita vinculação a aplicações tecnológicas como as cerâmicas supercondutoras, filmes magnéticos finos e ligas metálicas amorfas.

            Biofísica: a área alia técnicas e métodos da Física com conhecimentos de Bioquímica, Físico-Química, Biologia e Geomagnetismo. São estudados sistemas biológicos, reações moleculares e produção magnética por microorganismos. São pesquisas que aumentam o conhecimento da evolução biológica, de aplicações farmacológicas e médicas.

            Coordenação de Apoio Técnico - CAT: com técnicos altamente qualificados, dá suporte e realiza pesquisa em áreas como Eletrônica e Informática.

            Instrumentação Científica: área recente, mas extremamente ativa dentro do CBPF, que visa o desenvolvimento de equipamentos e técnicas a serem utilizados na pesquisa básica e aplicada.


    Recursos

             O CBPF conta com uma das melhores bibliotecas em Física da América Latina, na qual pode-se ter acesso a milhares de livros e a centenas de periódicos científicos. Além disso, existe um conjunto de amplos recursos computacionais que permite a realização de cálculos científicos avançados e um acesso bastante rápido à Internet. Os laboratórios contam ainda com o apoio de uma oficina mecânica, eletrônica, laboratório de química, microscopia, laboratório de criogenia (que produz hélio e nitrogênio para uso nos diversos laboratórios de pesquisa) entre outras formas de suporte.